quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Relato de insônia

Preciso dormir, mas os olhos aguçados pela treva acabam separando o breu do negrume, em semitons de formas. E o silêncio, que por vezes é o contrário da luz, aplica a sensação de presa voluntária em desespero de nunca ser predada.

O que seria a paz da ausência de claridade se transforma no transtorno de penumbra que é o quarto de um insone, com seus móveis perceptíveis por pupilas tão abertas quanto as fauces de um abismo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Teco de poema

Eu tenho mania de escrever em tecos de papel e só descobri-los meses depois -- dentro de um livro, no guarda-roupas, enfiado num encarte de CD, na gaveta de talheres... é, bem por aí --, e por isso eu comecei a colocar textos inacabados aqui, geralmente como rascunhos, sem publicá-los.

Por ter gostado bastante deste poema inacabado, vou deixá-lo à mostra. A ideia veio depois de assistir Amor e de conversar com uma moça, arquiteta cheia de ideias e de monólogos curtos. Tem uma sombras de um platonismo bem pilantra aí no meio, espero poder esconder isso quando acabar.

no coração: átrios
a cornija na fronte.
as pernas são de coluna
e a coluna é uma corrente
que liga
as partes ao todo, indiferentes.

áurea na medida e na luz que carrega,
o corpo é obra perecível e eterna
é a própria forma-arquiteta.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Ser tímido

A conversa é -- ou pode ser -- fruto do trabalho de mineração do tímido. A palavra guardada sob o solo duro do silêncio precisa ser prospectada, ou as relações correm o risco de permanecer como a paisagem dura e fria de montanha.

Não é fácil. Camadas de rocha separam-nos uns dos outros, a terra, o húmus e a grama; as árvores ladeadas pelo vento. No núcleo da terra, o calor. Entre ele e a casca periférica, a palavra.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Poema


Eu, primeiro parágrafo

misantopo ma non troppo,
pois mais anthropos que misos.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A mão pesada de um poder imaginário

Este texto não procura dar nenhuma solução para o problema do abuso de poder policial (no caso, municipal), apenas levantá-lo e aumentar a inquietação sobre o assunto, que, pelo andar das coisas, infelizmente demorará um bocado para se tornar obsoleto.

A cada dia temos mais e mais provas de como o modelo repressivo de manutenção da ordem, que herdamos do governo ditatorial (com resquícios da Primeira República, por sua vez com prováveis respingos da Força Pública imperial), não funciona.

Muitas vezes, a sanção vem antes de uma averiguação imparcial ou mesmo de uma conversa. Seja numa voz mais dura, numa proximidade corporal desnecessária, num tapa no rosto, numa imobilização, a sanção vem antes da elucidação. Há sempre um culpado, e a possibilidade de ele ser você é grande. O espaço público é tutelado por um braço irritadiço e pesado, que não sabe avaliar ou compreender as várias formas de uso desse espaço. Sabe-se apenas guardião e julga-se autorizado para usar de força na maioria dos momentos, mesmo que os regimentos digam o contrário. O cidadão que fugir à regra pode ser punido com uma desmesura que só quem já a sofreu sabe o tamanho.



Policial civil à paisana ameaçando skatista. Pça. Roosevelt, Sao Paulo, 2013. 
(ver na íntegra)


Uma das bandeiras levantadas por algumas camadas da sociedade civil é acabar com o status militar da PM, o que seria um passo importante na reconstrução do imaginário de poder; não apenas uma mudança de nome, mas de estatutos e da visão que esses agentes de ordem têm de si e de suas funções numa sociedade sadia -- essa expressão chega a soar irônica, ou pior, utópica. 

O problema é que isso não basta. É um passo importante mas não basta, como se pode provar pelas ações truculentas das guardas civis que têm chegado a lume pelas redes sociais, e exemplos disso não faltam: temos o caso do skatista curitibano em meados de 2012, o dos agentes municipais em Belo Horizonte e por aí vai. Uma busca rápida pelo Youtube provavelmente trará mais visões desse sintoma, basta gastar um minuto procurando (aqui nos voltamos mais às polícias municipais, mas não podemos esquecer das ações da Polícia Federal contra os Munduruku em 2012, menos uma atitude irracional do que um ato estratégico do Governo Federal, mas muito mais nocivo, por mostrar como o Estado pode se voltar contra seus cidadãos).

A Guarda Civil ou Municipal não tem status militar, mas muitas vezes partilha do delírio de poder de sua correspondente estadual, a PM. Numa análise rápida, o sintoma não nos permite encontrar a raiz do mal, mas depurar um futuro diagnóstico, o de que não é apenas o status militar que torna a polícia excessivamente violenta; devemos lembrar também da relação entre o imaginário de poder criado pela herança militar e as forças de ordem pública.

Não podemos esquecer que vivemos num país em que dois regimes foram derrubados com participação expressiva do Exército, e mesmo que seu poder hoje não seja tão nítido, resíduos dele se espalharam pela sociedade. Não há um viés político para escoar esse poder, que acabou se esvaindo e se transfigurando em pura força e em espasmos menores, todos abusivos e que fogem à real atribuição das forças de ordem. Num país sem tradição democrática como o nosso, o abuso do poder das forças de ordem é uma prática arraigada profundamente em nosso substrato, e será muito difícil arrancar estas raízes e preparar o solo para um Brasil menos truculento. 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Eclipse com brilho

Desde que comecei este blogue, poucas vezes falei de livros que li, mas dos livros que gostei. Quero salientar que isto não é uma resenha – com toda a carga que a palavra carrega –, mas um texto sobre um livro, escrito por alguém que gosta de histórias. Pois vamos a Eclipse ao pôr do sol e outros contos fantásticos, de Antônio Luiz M. C. Costa (Ed. Draco, 2010).






Antes de começar a falar do livro, é preciso dizer algo que talvez diga mais sobre meu gosto do que sobre o panorama atual da literatura de especulação brasileira: dificilmente consigo ler muita coisa de fantasia publicada hoje, especificamente de nossa literatura brasileira. Os motivos são vários, e alguns dos principais é falta de critividade na escolha de temas/elementos e mesmo a ausência de um trabalho mais minucioso na prosa. Há elementos batidos, como dragões e batalhas, usados em profusão e mesmo universos criativos sem o aprofundamento necessário, tudo amealhado com a falta de estilo que infelizmente, ao lado da falta de criatividade, ainda parece ser o calcanhar desprotegido de nossa literatura de fantasia. Não faço aqui uma crítica por criticar. Me coloco como um leitor, como alguém que gosta de histórias, e entendo que muitas vezes nossos autores deixam a desejar. Mesmo alguns consagrados escrevem num estilo desanimador, muito preocupados em ser um Tolkien ou um Asimov do século XXI, mas pouco envolvidos na depuração da própria escrita. Pode ser que eu tenha uma visão obtusa da situação, mas enxergo que a excessiva importância dada a conceitos, nomes de personagens e referências mitológico-literárias primárias acabam gerando obras derivativas e mesmo sem graça, infelizmente. Esse descuramento acaba servindo para reforçar a tal clivagem entre literatura de arte e literatura de entretenimento, tão citada pelos escritores de fantasia que às vezes toma a forma de complexo a ser vencido, o que para mim é realmente uma pena.



Corte para o Flashback.

Estávamos algumas colegas e eu na editora esperando os arquivos chegarem do estúdio, mas aparentemente o material demoraria um pouco ainda. Nós da equipe de revisão decidimos dar uma saída e ir ao mercado para matar tempo, mas no meio do caminho resolvi ir a uma livraria de RPG que fica próximo a meu trabalho. Apesar de estar geralmente destrancada, a porta de madeira da livraria permanecia costumeiramente encostada e com um aviso de “aberto”, algo romântico e como todas as livrarias deveriam ser. Nunca tinha entrado lá, apenas entreolhado pela janela numa de minhas correrias de paulistano atrasado, com uma curiosidade crescente de mais de um ano. Tinha ainda quarenta minutos sobrando antes que o intervalo acabasse, e optei por gastá-los lá dentro.

Entrei e acenei de forma um pouco tímida para todos que tiveram sua atenção deslocada pelo rangido denunciador da porta, e enquanto dois rapazes e uma criança conversavam sobre cartas e mana de um modo divertido de se ouvir, meus olhos e meus passos se dirigiram para a estante de livros. Pequeno e composto por algumas prateleiras que dividiam espaço com caixas de jogos de tabuleiro, o acervo tinha algumas pérolas da fantasia e vários títulos que desconhecia, e um deles me pegou de sobressalto, o Eclipse ao pôr do sol. Apesar de trabalhar com livros, não tenho o costume de folhear catálogos -- aliás, quanto a qualquer tipo de busca, sou uma pessoa caótica que confia muito no acaso --, e, apesar de estar familiarizado com os títulos da Editora Draco, desconhecia essa coletânea de Antonio Luiz M. C. Costa. Por sua coluna em CartaCapital e seu conto em Fantasias Urbanas (Ed. Draco), imaginei que poderia esperar ao menos uma prosa mais polida que o costume e que teria garantia de diversão. Comprei um volume e uma ediçãozinha de bolso de Lovecraft para fazer par.

Corte para o presente.



O livro do sr. Costa é composto de seis contos: “A Nascente na Serra”, “O Anhanga”, “Louco por um feitiço”, “Papai Noel volta para casa”, “O Cio da Terra” e “Eclipse ao pôr do sol”. A falta de um prefácio se fez notar, especialmente por não ser livro de autor estreante. Um dos contos, aliás, dialoga com a obra de maior ambição de Costa até o momento, Crônicas de Atlântida (Ed. Draco), obra essa que tem até mesmo uma enciclopédia online.

Apesar de terem sido escritos em períodos diferentes, os contos carregam uma unidade metodológica: o uso de elementos que podem ser reconhecidos pelo leitor e que trazem mais sabor aos textos, indo desde personagens consagradas pela tradição literária fantástica até figuras mitológicas e históricas, sempre emolduradas por uma narrativa ligeira que traz esse elementos à luz nos momentos corretos. Seria desnecessário dizer, mas os momentos de identificação desses elementos mostram-se um dos grandes prazeres proporcionados pelos contos de Eclipse ao pôr do sol; alguns em maior, outros em menor grau.

O uso da linguagem é outro atrativo do livro: cada conto traz em seu bojo uma dicção particular tanto na fala das personagens quanto na dos narradores. Em “A Nascente na Serra”, é a voz de um jovem do período quinhentista que ouvimos; “O Anhanga” nos remete a um estilo com divertidos ecos machadianos; chega-se a imaginar que o autor levaria suas aventuras para a rua do Ouvidor ou para o Passeio Público; em “O Cio da Terra” repete-se a ambientação portuguesa, com a diferença de ouvirmos um português de jeito contemporâneo, de 2009; já “Louco por um feitiço” (título que parece não se ajustar ao enredo) tem estilo e vocabulário semelhantes aos de Crônicas de Atlântida; “Eclipse ao pôr do sol” se vale muito da linguagem homérica, bem aplicada nos epítetos e na caracterização das personagens -- Kairos é um bom exemplo disso, assim como muitos dos diálogos entre as divindades; “A volta do Papai Noel” é o conto em que é menos possível identificar uma dicção com origem própria, talvez porque o estilo literário da literatura mitológica germânica não seja tão difundido entre nós brasileiros, lembrando que falo não dos mitos, mas da linguagem utilizada para sedimentá-los.

Após ler o livro de M. C. Costa, constatei que meu passeio na livraria não foi em vão. Li uma prosa bem-escrita e me diverti muito encontrando easter eggs literários; muitas vezes me pegava sorrindo, especialmente ao ler os nomes de Alcides e Viriato e ao perceber alguns contos se abrindo em significados. A conclusão que chego ao ler Eclipse... é que Antonio C. Costa se sai muito bem narrando uma história, mas consegue abrilhantar mais sua escrita quando segue reinventando e costurando mitos, sejam eles literários, religiosos ou históricos.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Do espaço e do tempo


Dante Gabriel Rossetti, Giotto pintando retrato de Dante (1852, 36,8 x 47 cm)


Por vezes, sinto-me numa grande paixão platônica: boa parte das pessoas que gosto ou que admiro mora muito longe, e a maioria das músicas que gosto foi composta por gente que já morreu.

Há uma boa dose de nostalgia nisso. Sinto-me partícipe de coisas que não vivi, talvez idealizando-as e mesmo assim vivendo-as. Os festivais nos quais provavelmente não iria se vivesse na época em que ocorreram, as pessoas que tenho por ídolos e com quem talvez tentasse me corresponder. Talvez talves tal ves pensei vivê-las, memórias criadas a partir de canções de época e de filmes em preto e branco. Vivências retroativas, meus amigos que não conheci e os que estão longe demais -- no tempo e no espaço -- para dividirmos um café numa tarde fria de sábado.

Toda nostalgia é um desejo de retorno. Odisseu já a sentia quando estava na ilha de Calipso, pleno de gozo que a ninfa podia-lhe proporcionar, mas concomitantemente vazio de sentido, sem Penélope e Telêmaco a seu lado, ausente de Laerte, seu pai e ex-governante de terra natal, Ítaca. Ele chegava a sofrer, tamanha sua vontade de retorno, de alcançar o nostos. Não é à toa que a palavra grega que representa o retorno ecoa em nossa língua no vocábulo nostalgia. Não é à toa também que dentro de nostalgia haja dor, algé em grego. Não, não é à toa. Mesmo os caminhos errantes dos idiomas, das línguas pátrias que se beijam e se digladiam, trazem sabedoria, e é a sabedoria de mestiçagem, da inserção do diferente, seja o diferente no tempo, seja o no espaço.

E é essa sabedoria que me salva. Toda essa mistura de espaços e de épocas, tudo num ponto focal, tal qual o aleph borgiano, que é nada menos que meu espírito e meu modo de absorver os dados que o mundo me dá. No final das contas, as facetas que não enxergo das pessoas e das coisas eu acabo por construí-las, vou fazendo simulacros e tornando as pessoas melhores do que elas são (e em alguns casos, piores, por que não?). Viram exemplos a serem seguidos, e é assim que melhoro como pessoa. A maneira de minha irmã -- que mora tão longe -- enfrentar as mudanças e sobrepôr-se a elas; o modo admirável como minha amiga Karen enxerga o mundo, a capacidade de Machado desvendar a alma do homem, a extração da humorística poesia do simples de José Paulo Paes, a invenção de Borges, a delicadeza de Neruda, os tantos compositores e poetas sem nome, que deles sobra apenas a obra e o engenho sem rosto, os operários dos monumentos de grandes fundações, o garçom que me sorri às nove da noite.

Ninguém conhece ninguém de verdade. É impossível. Estar sentado ao lado de alguém não me torna mais partícipe de sua vida do que escutar toda a obra de Ernesto Nazareth me permite conhecê-lo, mas posso chamar ambos, Ernesto e a pessoa do lado, de amigo. Para isso, deve haver um sentimento raro e uma atitude necessária: a afinidade e o respeito. Da junção de ambos nasce a admiração, e dela advêm os modelos, que se somam à busca do autoconhecimento. De todo esse tortuoso processo de nostalgia, pertencimento e aprendizagem, venho surgindo como um homem melhor dia após dia, e é por este motivo que não posso negar essa paixão e esse desejo de voltar para onde nunca estive.



Sobre cabelos, a falta deles e o divertir-se consigo


Fayga Ostrower,  Tempestade (1999, aquarela sobre papel arches - 75,5 x 56,5 cm) 


Venho notando ao longo dos anos que algo em mim diminui pouco a pouco. De começo tive vergonha em aceitar tal mudança, decidi tomar medidas e remédios, tentei fazer o relógio retroceder; posso dizer que obtive um pouco de sucesso, mas desisti da empreitada. De que falo? De meus cabelos.

Na infância, a irmã me chamava de Ovelha, por conta dos cachos. Hoje, além dela, meus sobrinhos; virei o tio Ovelha. O vizinho de vovó me provocava com o apelido de Biro-Biro, e uma tia brincava comigo, "venha cá, senhor Deus Menino". Meus cachos sempre foram uma das características que me identificavam. Curioso, por ser algo tão externo. Nos prendemos demais às superficialidades, talvez porque seja este o primeiro ponto de contato entre as pessoas. Como o início de uma relação se dá pelo intermédio da visão, é natural que estereótipos se afirmem, e mesmo que os estereotipados se aferroem a esses lugares-comuns.

De minha parte, decidi assumir a carequice. Posição tomada há mais de dois anos, quando "parei de me cuidar" nesse aspecto, agora apenas aproveito as brincadeiras dos familiares e rio de mim mesmo, algo que sempre fiz, mas com mais um elemento nessa equação de autotiração de sarro. Levo-me na brincadeira, apesar de brincadeira ser coisa muito séria.

Ah, sim. Não estou calvo, mas com clareiras à moda franciscana, assim como meu pai esteve. Não sou de vaidades intensas, mas diria isso tem lá seu charme.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Música medieval

As coisas estão bem corridas (tenho um livro para entregar semana que vem, não deveria estar escrevendo neste momento, mas agora já estou) e quero falar sobre o tema deste texto de um modo menos de passagem, o que espero fazer brevemente. Deixarei apenas um registro rápido, o de que a caixa de música que carrego no peito ganhou mais um compartimento: às canções brasileiras do início dos anos 1930 até os 1960 juntam-se a música do Medievo europeu.

Estou fascinado pelo que venho ouvindo, desde a música de teor sacro até os Carmina Burana, e é bom frisar aqui que não estou falando de música erudita no sentido forte do termo, mas de cantigas, composições jogralescas, cançonetas, saltarellos e música de relativo teor popular.

Uma boa mostra disso é uma das canções do Carmina Burana, Tempus est iocundus (O tempo está alegre), interpretada pelo grupo espanhol Artefactum. E interpretada mesmo, basta ver as brincadeiras vocais ao final da canção, um belo modo de interpretar o amor e sua relação com o voto de virgindade dos monges -- os carmina são uma coletânea de canções de caráter múltiplo, desde poemas sobre o vinho, passando pelo amor e pelos jogos de azar, até hinos religiosos. Eles foram compostos entre os séculos XI e XIII por monges germânicos conhecidos como goliardos, estudantes que, como a maioria nos dias de hoje e em todos os tempos, gostavam de um pouco de bagunça. Mas é preciso ratificar que há muitas composições de fundo moralizante e mesmo satíricas, que batiam de frente com a Cúria Papal da época e suas vestes de brocados dourados.

Tempus est iocundum, interpretada por Artefactum.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Expectativas para o futuro

quando nasci, me disse um anjo cansado
não tão torto, a cara era um tacho:
"Vai Nota Fiscal Paulista?"