terça-feira, 31 de maio de 2011

Distração, memória

Queria um poema sobre amor
Mas pensava em xícaras.

Em como gostava de seu café puro
com bolo de festa para adoçar.

No chá que - ele bem sabia -
ela tomava nas tardes de outono.

Nos cappuccinos divididos com os amigos.

Na sensação dos dedos gelados
tocando o copo quente de papel.

No banco da padaria lá de sua cidade.

Nos cafés com seu pai, na sua faculdade,
em casa, sozinho com a janela,
as árvores e o vento.

Sem perceber, escreveu um poema de amor pelas coisas.

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